terça-feira, 25 de outubro de 2011

Poema- Revolução Industrial- 108

Poema- Revolução Industrial/ outubro-2011/ Stéfphani Danielle, Bruno, Julia, Petterson, Thaynara Marçal- 108

O Fim... o Começo

Oh, quanto sofrimento nas fábricas

Massa que sai de seus lares com marmitas em punho

E acredita que o progresso foi tomado por suas mãos

A fumaça do carvão exala nas caldeiras

Oh, quanta dor e tristeza

Labutam seus destinos

Com mortes medonhas, seja da alma ou do corpo

Assim não dá! Precisamos de um renovo

Aí está, a nova era, aí está, o moderno

Agora é a Revolução Industrial

A vida é outra, mudo o mundo

Agora a classe operaria trabalha no imundo

A Revolução Industrial não foi só um movimento

E nem algo do momento

Foi uma luta pelos direitos

O fim de muitas vidas, mas o inicio, um novo começo!

Grécia- 602- 21/09/2011

Grécia- Joice/ Kerolayne/ John- 602-21/09/2011

Sobre a Grécia eu vou falar

A historia dela eu vou contar

Para não se perder tem que olhar

Do espaço urbano eu vou falar

Das cidades que eu vou mostrar

Como Atenas, Esparta e Micenas

Pois lá é muito agitado

Por mercados variados

Do governo eu vou falar

Da monarquia que eu vou começar

O monarca é responsável

Pelo governo militar

Religioso e judiciário

Ele podia governar

Pois tirania chegou sua vez

Do governo que tu fez

Só um homem podia governar

Com ajuda do aristocrático

E com o apoio da população contar.

Egito- Poema Aluna: Brisa 602

Poema

Brisa/ 602- 21/10/2011- Egito

Uma caminhada, longa no deserto andei

Até nas pirâmides eu passei

No Tumulo do faraó entrei

Vi ate o sol nascer.

Quando o sol já se punha,

Vi a múmia saí da tumba

A múmia me alcançou

E depois se desmanchou.

Vendo o novo dia chegar,

E no deserto eu passar.

E para sempre vou ficar lá

Apesar das invasões é

Um país muito bom.

segunda-feira, 20 de junho de 2011

Minidicionário de História

Minidicionário - Profª Gabriela

ESCOLA ESTADUAL DESEMBARGADOR RODRIGUES CAMPOS

DISCIPLINA: HISTÓRIA
PROFESSORA: GABRIELA GONTIJO
NOME DO TRABALHO: MINI-DICIONÁRIO DE HISTÓRIA

INSTRUÇÕES:

• O trabalho deve ser todo manuscrito;
• Deve possuir capa, índice, bibliografia;
• Na bibliografia deve constar todas as fontes consultadas para a elaboração deste trabalho;
• Você deve eleger 3 cores de caneta para a construção dos significados (a 1º cor para escrever o número, a 2º cor para a palavra a ser pesquisada e a 3º cor para escrever o significado encontrado);
• Será avaliado o capricho, a coerência, a veracidade, a pontualidade de seu trabalho;
• Escolha 10 palavras para você além dos significados também ilustre com gravuras ou desenhos;
• Separe as palavras de acordo com as letras iniciais, por exemplo: antes das palavras iniciadas com A, escreva um A maior (como ocorre em um dicionário). Em seguida escreva as palavras com seus significados;
• Preserve as numerações desta lista;
• NÃO INVENTE SIGNIFICADOS, A PROFESSORA LERÁ, REPETINDO, LERÁ TODOS OS SIGNIFICADOS;
• Lembre-se: a sua REPUTAÇÃO E SEU CARÁTER serão observados.

1.abolição
2.absolutismo
3.ação revolucionaria
4.ação social
5.acervo
6.açoite
7.aculturação
8.acumulação
9.agregação
10.Alcorão
11.alfândega
12.alforria
13.alienação social
14.alinhamento político
15.ama-de-leite
16.amostragem
17.anticapitalismo
18.anticlássico
19.antidemocrático
20.antigo
21.Antigo Regime
22.antimonárquico
23.antropocentrismo
24.antropologia
25.arabesco
26.aristocracia
27.arte
28.artesão
29.ascensão social
30.assalariado
31.associação
32.atraso social
33.auto-de-fé
34.autoridade
35.baixa produtividade
36.balança comercial
37.barreira social
38.bastilha
39.batismo
40.bem comum
41.biblioteca
42.bombardeiro
43.burgo
44.burguês
45.burguesia
46.burocracia
47.califado
48.camada social
49.campo de concentração
50.Cangaceiros
51.canibal
52.Canudos
53.capital
54.capitalismo
55.capitalismo industrial
56.capitalista
57.Capitania
58.capitão do mato
59.casa-grande
60.casta
61.catequese
62.catequização
63.celibato clerical
64.censitário
65.censo
66.censo demográfico
67.choque de civilizações
68.cidadania
69.ciência
70.ciências sociais
71.circularidade da cultura
72.cisma
73.civilização
74.Civilização Mesopotâmica
75.classe social
76.clássico
77.clero
78.colônia
79.colônia de exploração
80.colônia de povoamento
81.colonização
82.comercio
83.competição social
84.Comunidade
85.comunidade primitiva
86.comunismo
87.concilio
88.Concílio de Trento
89.Conferência da Paz
90.conflito ideológico
91.conjuntura
92.conjuração
93.conquista
94.consciência coletiva
95.consciência de classe
96.consciência nacional
97.Consenso
98.conservação
99.constituição
100.contemporâneo
101.Contra Reforma
102.contradição
103.contradições do capitalismo
104.Contra-reforma
105.Controle social
106.coronelismo
107.corporações de ofício
108.corrida armamentista
109.cosmopolita
110.costumes
111.Crack da Bolsa de Nova York
112.Crença
113.criollos
114.crise
115.crise de 1929
116.Crise social
117.critério de verdade
118.Cruzadas
119.cultura
120.cuneiforme
121.decreto-lei
122.déficit
123.demagogo
124.democracia
125.dependência econômica
126.dependência política
127.derrama
128.derrotismo
129.desagregação social
130.descobertas arqueológicas
131.descolonização
132.despótico
133.despotismo
134.deuses
135.devassa
136.dialética
137.dinastia
138.direitos naturais
139.direitos universais
140.discriminação social
141.ditadura
142.diversidade cultural
143.divisão de trabalho
144.dizimo
145.documento
146.dogma
147.dogmatismo
148.doutrina
149.doutrina de salvação
150.economia
151.economia agro exportadora
152.egocêntrico
153.eleição
154.elite
155.emigração
156.empirismo
157.empresa
158.entreposto
159.erudito
160.escambo
161.escravidão moderna
162.escriba
163.espartaquista
164.especiarias
165.Estado
166.estado de sitio
167.Estado Nacional
168.estado teocrático
169.esteriótipo
170.estratificada
171.ética
172.etnia
173.etnocentrismo
174.etnologia
175.europeização
176.excomungar
177.excomunhão
178.executivo
179.exploração colonial
180.fascismo
181.família patriarcal
182.fanático
183.fascismo
184.federação
185.federalismo
186.feitoria
187.fetichismo
188.feudalismo
189.feudo
190.fisiocratas
191.folclore
192.fóssil
193.fotografia
194.fragmentação política
195.função social
196.galeão
197.generalização
198.genocídio
199.glaciação
200.globalização
201.governo
202.grupo social
203.guerra
204.Guerra Fria
205.guilhotina
206.habeas corpus
207.hábito
208.hegemonia
209.herança social
210.herege
211.heresia
212.hierarquia
213.hipótese
214.hispânico
215.história
216.historiografia
217.homem universal
218.humanismo
219.ícone
220.Idade Média
221.idéias revolucionárias
222.ideologia
223.igreja
224.igreja católica
225.igreja romana
226.igualdade jurídica
227.iluminismo
228.iluminura
229.imigração
230.imperialismo
231.império
232.inconfidência
233.inconfidentes
234.independência
235.individualismo
236.indo-europeu
237.indução
238.indulgência
239.industrialização
240.infantaria
241.infiel
242.inflação
243.inquisição
244.islamismo
245.isolamento social
246.jesuítas (ou Companhia de Jesus)
247.judiciário
248.justiça
249.Karl Marx
250.keynesianismo
251.lã
252.latifúndio
253.legislativo
254.leis
255.liberalismo
256.liberdade
257.líder
258.liderança
259.lucro
260.ludismo
261.luta de classe
262.macarthismo
263.maçonaria
264.mais-valia
265.mameluco
266.mandado de segurança
267.manufatura
268.mão-de-obra
269.marginalidade
270.marquês
271.marxismo
272.marxista
273.mascate
274.massapé
275.massificação
276.materialismo histórico
277.matéria-prima
278.matriarcado
279.Max Weber
280.memória
281.mentalidade
282.mercado de trabalho
283.mesoamérica
284.mesopotâmia
285.método social
286.metrópole
287.migração
288.ministério
289.miscigenação
290.missionário
291.mitos
292.mobilidade social
293.modernidade
294.modernismo
295.monarquia
296.monetarismo
297.monocultura
298.monopólio
299.monoteísmo
300.moral
301.mouros
302.movimento de massa
303.mudança social
304.Mudo Bipolar
305.mulato
306.múmia
307.mumificação
308.município
309.museu
310.nação
311.nacionalismo
312.nativismo
313.naturalismo
314.nazismo
315.negras de tabuleiro
316.negro forro
317.neoliberalismo
318.neolineralismo
319.neolítico
320.nepotismo
321.nível social
322.nobre
323.nobreza
324.nômade
325.nomadismo
326.nomadismo (ou vida nômade)
327.norma social
328.nova barbárie
329.observação
330.oligarquia
331.opinião pública
332.ordem
333.organização social
334.outorgar
335.ouvidor
336.pacto colonial
337.país
338.papado
339.papiro
340.parlamentarismo
341.patriarca
342.patriarcal
343.pau brasil
344.perspectiva
345.peste bubônica
346.pinturas rupestres
347.pirâmide social
348.plebe
349.plebiscito
350.poder
351.poder pessoal
352.poligamia
353.politeísmo
354.politeísta
355.política
356.política café com leite
357.população mestiça
358.populismo
359.posição social
360.positivismo
361.preconceito
362.preservação
363.Primeira Guerra Mundial
364.primeiro ministro
365.primogenitura
366.principado
367.processo social
368.progresso
369.proletariado
370.propaganda
371.propriedade
372.púlpito
373.quilombos
374.Quinta-Feira Negra
375.racionalismo
376.racismo
377.rajá
378.reconquista
379.Reforma Protestante
380.registros
381.rei
382.reinado
383.religião
384.Renascimento
385.república
386.República Velha
387.revolta
388.revolução
389.Revolução Francesa
390.Revolução Industrial
391.Revolução Inglesa
392.Revolução tecnológica
393.Rito
394.rococó
395.Rota do Cabo
396.rotas marítimas
397.sacerdócio
398.sacralidade
399.sacramento
400.salário
401.sancionar
402.secularização
403.sedentário
404.sedentarismo
405.segregação
406.Segunda Guerra Mundial
407.seita
408.Semana da Arte Moderna
409.senhor feudal
410.senhorio
411.senzala
412.servidão
413.servo
414.sesmaria
415.sextante
416.sindicato
417.sistema colonial
418.sitio arqueológico
419.soberania
420.soberano
421.sobretaxa
422.social
423.social democracia
424.socialismo
425.socialista
426.socialização
427.sociedade
428.sociólogo
429.status social
430.subdesenvolvimento
431.subsidio
432.subsistência
433.sufrágio
434.supremacia
435.surrealismo
436.suserano
437.tenentismo
438.teocentrismo
439.teocracia
440.teocrático
441.teologia
442.teólogo
443.terrorismo
444.tirania
445.totalitarismo
446.tratado
447.Tratado de Tordesilhas
448.Tratado de Versalhes
449.trocas culturais
450.unção
451.unitarismo
452.urbanismo
453.uso
454.valor social
455.vassalagem
456.vassalo
457.veto
458.vitral
459.voto
460.xenófobo
461.xiita
462.Xomuna

terça-feira, 3 de maio de 2011

Filme: Apocalipto

FILME APOCALYPTO- Síntese

Flávia/106/maio-2011

O filme conta uma história verídica de duas tribos, chamadas Jaguá e os Maias que tinham culturas, cotidianos e estratégias totalmente diferentes.
Os rituais da tribo Jaguá era depois que o chefe da tribo terminava de contar uma historia, todos si reuniam em frente a uma fogueira e começavam a dançar. E o ritual dos Maias era o sacrifício, eles matavam pessoas enquanto o resto da tribo dançava.
O sangue das pessoas sacrificadas corriam pela cidade, que eles deram o nome de “ Cidade que Sangra”. Eles pensavam que enquanto o sangue corre eles passavam no corpo e esse sangue iria purificar a alma de cada um.
Jagua Paw por ser muito persistente conseguiu escapar do sacrifício, por ter amor a tua tribo ele conseguiu matar todos os chefes da tribo dos Maias e ficar livre com tua família e disposto a reconstruir sua tribo novamente com a chegada dos Portugueses.

quinta-feira, 28 de abril de 2011

Filme: Apocalypto

FILME APOCALYPTO- Síntese

Isabella Araújo Braz/108/abril-2011

O filme APOCALYPTO trata-se de um caçador que pode ser considerado um guerreiro, o Jaguar Paw . Ele vive com sua mulher , filho e seu pai e outros membros da tribo em uma aldeia , em uma selva . Eles têm o costume de comer carne crua , um exemplo disso é quando o Jaguar mata a anta em uma armadilha , e oferece os testículos para o que o homem possa comer , apesar de ser uma brincadeira de muito mau gosto , literalmente . Além de cumerem carne crua , eles vestem apenas , uma espécie de tanga , usam alargadores , pircings ; e tem um corte de cabelo bem estranho se for comparado aos de hoje em dia , e tem uma dança própria .

Em certo dia, sua aldeia for atacada por outro povo, algumas pessoas morreram, por revidar ao ataque. Jaguar consegue esconder sua mulher e grávida e seu filho em uma gruta, perto de sua aldeia. Ele assiste ao massacre no qual seu pai foi assassinado por um membro da outra tribo. Junto com as outras pessoas da outra tribo, ele é capturado e é levado para uma cidade maia, muitas crianças foram deixadas para trás. Nessa cidade mulheres capturadas são vendidas como escravas, os velhos, pessoas mais velhas, são libertados, porque não vão ter nenhum proveito sobre eles, os homens são levados para uma pirâmide. Lá os homens serão mortos em um ritual. O homem que é morto tem a cabeça arrancada , que rola pirâmide abaixo, onde tem pessoas gritando , rindo , achando tudo o Maximo. As cabeças eram como se fosse troféus, o sangue que escorria ( terra que sangra ), as mulheres passam em seus filhos achando que vão receber as bênçãos , as habilidades do guerreiro morto . Quando chega a vez de jaguar ser sacrificado, acontece um eclipse solar que é interpretado pelo sarcedote como um sinal de que o Deus-sol não necessita de mais sacrifícios. Jaguar e os outros prisioneiros que restaram são levados para um campo onde terão que correr para se salvarem, enquanto membros da tribo maia arremessam flechas e pedras.

Jaguar consegue fugir mesmo gravemente ferido, pela ajuda do homem que ele deu os testículos. Com sua fuga e pelo fato de Jaguar ter matado o filho do chefe dos Maias, um grupo de guerreiros vai atrás dele pela selva. Depois de muito esforço, de um Jaguar correr atrás dele, de cair em uma poça de lama imensa e funda, de jogar abelhas nos membros maias que correram atrás dele, de se jogar em uma cachoeira, de tirar veneno de sapo, Jaguar consegue matar os maias e o chefe, que foi morto pela armadilha que matou a anta no inicio do filme. Sobraram apenas dois, que o – seguiu até a praia onde se distraiu com a chegada de navios espanhóis, Jaguar aproveitou a distração e foi até a gruta onde estava sua mulher, que já havia dado a luz, e seu filho. Com a família reunida novamente, Jaguar entra na selva e procura um novo começo.

terça-feira, 22 de fevereiro de 2011

TESTANDO SEU CONHECIMENTO- FEUDALISMO

TESTANDO SEU CONHECIMENTO- FEUDALISMO

1- Sobre a transição feudal-capitalista é INCORRETO afirmar:

a) Crescimento das forças que constituem o Capitalismo, simultaneamente à perda de importância do modo de produção feudal;

b) No plano político forma-se os Estados Nacionais da Europa, assumem a feição de Estados Absolutistas, centralizados nas mãos do povo;

c) No plano econômico, intensifica-se o comercio;

d) É da associação de interesses entre o crescente poder político dos reis e o crescente poder econômico da burguesia, surge assim o Expansionismo Marítimo Europeu.

2- Sobre o expansionismo marítimo europeu, é INCORRETO afirmar:

a) O comércio das especiarias não faz da burguesia uma classe rica, numerosa e cada vez mais influente;

b) Uma rota definida: as especiarias, raridades originárias do Oriente (Índias);

c) As riquezas orientais são revendidas para o interior do continente;

d) A presença de portos intermediários da Ásia e África dificulta e encarece essa atividade.

3- Sobre as grandes navegações, é INCORRETO afirmar:

a) Cabe a Portugal o pioneirismo nas Grandes Viagens Marítimas;

b) Cabe a Paraguai o pioneirismo nas Grandes Viagens Marítimas;

c) Cabe a Moldova o pioneirismo nas Grandes Viagens Marítimas;

d) Cabe a Bolívia o pioneirismo nas Grandes Viagens Marítimas;

4- O pioneirismo nas Grandes Viagens Marítimas, pois essa nação reúne as condições adequadas para tal fim, EXCETO:

a) Apoio técnico, financeiro e político dado aos navegantes pela Dinastia de Avis, reinante desde fins da Idade Média;

b) Condições políticas internas favoráveis (Portugal foi o 1º Estado Nacional constituído; assim, esse país foi o que inicialmente possuiu uma autoridade forte para o apoio a tal empreendimento);

c) Posição geográfica privilegiada (defronte ao Atlântico);

d) Ausência de uma burguesia forte e numerosa;

5- Sobre o feudalismo é INCORRETO afirmar:

a) Ocorre a relação socioeconômica de dependência e a troca informal de produtos(escambo);

b) A agricultura e a pecuária foram básicas à economia romana;

c) Os grandes proprietários começaram a arrendar parte de suas terras a agricultores livres, que não pagavam com parte da produção;

d) Os povos bárbaros são aqueles que não habitavam às fronteiras do Império Romano e não possuíam cultura romana;

6- Sobre as origens e crise do Sistema Feudal, é INCORRETO afirmar:

a) O Império Romano do Ocidente teve crise política em razão do excesso de autoridade dos monarcas (“deuses na terra”);

b) O Império Romano do Ocidente teve crise financeira motivada pelos gastos elevados da corte e não pelo constate aumento de impostos para fazer frente a esses gastos;

c) O Império Romano do Ocidente teve crise social expressa nas desigualdades, na violência urbana e no êxodo para os meios rurais;

d) O Império Romano do Ocidente teve crise de abastecimento devido ao aumento populacional e crise de emprego devido a concorrência com o trabalho escravo.

7-Sobre a formação e características do sistema feudal, é EXCETO afirmar:

a) A dependência para com a terra faz com que a economia feudal seja tipicamente primária, de base agrícola;

b) Os excedentes de produção são trocados, dentro de uma economia natural;

c) A economia não tem caráter de subsistência;

d) O início do Feudalismo fundamentou em dois fatores: interno com a crise do Império Romano do Ocidente e externo com as invasões bárbaras;

8-Os feudos, por sua vastidão e necessidade de exploração e defesa, são comumente subdivididos em feudos menores. Marque a opção INCORRETA:

a) Os proprietários dos feudos ou de suas divisões dificilmente são elementos da nobreza feudal;

b) Um grande senhor entrega parte de suas terras a um subalterno conhecido como vassalo;

c) O senhor feudal também é conhecido como suserano;

d) Nunca os senhores feudais são praticantes da atividade militar.

9- Sobre a pirâmide feudal é INCORRETO afirmar:

a) A sociedade feudal é, portanto, hereditária, hierarquizada, rígida, clericalizada, servil, agrária, desigual e contratual;

b) O clero era composto por alto e baixo clero;

c) A nobreza feudal era composta por suseranos, servos e vassalos;

d) Os trabalhadores eram compostos por vilões e servos.

10- Os servos representavam a mais baixa classe da pirâmide feudal e aceitavam, em troca da sobrevivência, as inúmeras obrigações para com os patrões, EXCETO:

a) Corvéia era o trabalho obrigatório e gratuito nas terras do senhor;

b) Talha era a entrega de parte de sua produção ao senhor;

c) Capitação era o imposto pago ao senhor, individualmente, pelos servos;

d) Hospitalidade era a obrigação de hospedar o senhor e sua comitiva quando estes se encontram nas proximidades;

e) Banalidade era a taxa paga ao servo pelo senhor para utilização de seu moinho ou forno.

JUSTIFICATIVAS PARA AS RESPOSTAS

1- b (no povo não e sim na mão do rei)

2- a ( a palavra não está errado)

3- a (banhado pelo mar)

4- d (não é ausência; é presença)

5- c ( a palavra não está errado)

6- b ( a palavra não está errado)

7- c ( a palavra não está errado)

8- d ( a palavra nunca está errado)

9- c (servos fazem parte dos trabalhadores e não da nobreza feudal)

10- e (era o servo que pagava para o senhor)

quinta-feira, 27 de janeiro de 2011

Preguiçoso Quem, Cara Pálida?

Preguiçoso Quem, Cara Pálida?

Luis Fernando Pereira

Pagãos, indolentes e pouco afeitos ao trabalho: era assim que os colonizadores viam os índios. Séculos depois, alguns preconceitos permanecem

Padre Antônio Vieira (1608-1697) ressaltava nos nativos brasileiros a tendência à ociosidade, não sendo o trabalho cotidiano e voluntário parte das suas vidas. Os colonizadores tentavam compreender o indígena usando como parâmetros a cultura e a visão de mundo difundidas na Europa, como se estas fossem um padrão universal. Ao contrário do que pensavam os europeus, religião, direito, poder, propriedade, cultura e trabalho não são temas universais, encontrados aqui e em outras partes.

A indolência dos indígenas brasileiros se revelou um poderoso estereótipo - ainda hoje muito difundido -, gerado por um absoluto desconhecimento do modo de vida dos nativos. Uma das origens do mito do índio preguiçoso reside na impressão errada que os europeus tinham da vida desses povos no Novo Mundo, associada a imagem do paraíso bíblico perdido. Acreditava-se que, habitando florestas fartas, que lhes ofereciam ao alcance das mãos os mais deliciosos frutos, os índios teriam que fazer muito pouco esforço em seu cotidiano.

No século XVIII, os povos indígenas passaram a ser vistos como representantes de uma era primitiva da humanidade e tornaram-se objeto de estudo para a observação de leis evolucionistas. Na época, o passado era cada vez mais associado a um estado de preguiça intelectual e indefinição entre coisas e homens - entre natureza e cultura. Já o futuro, no mundo ocidental, representaria o desenvolvimento e a evolução do trabalho e das ciências, o que afastaria os homens das antigas superstições. Aprisionados em um tempo longínquo e primitivo, os índios fariam parte desse passado habitado por homens preguiçosos e atrasados.

Este raciocínio persiste ainda hoje na sociedade brasileira, em argumentações que defendem a exploração de recursos em terras indígenas. Um exemplo recente é a contenda envolvendo os índios autodenominados tupiniquins e a fábrica de celulose Aracruz, no Espírito Santo, onde o aparente “imobilismo" de uma minoria indígena vem sendo criticado por se contrapor a necessidade inevitável de progresso da maior parte da sociedade.

De modo geral, as sociedades indígenas se organizam para garantir uma qualidade satisfatória de vida a maior parte do grupo. A relação com parentes e afins é central e esta estreitamente vinculada as atividades econômicas e aos grupos de trabalho. Através dessas relações são fixados meios de troca, reciprocidade e obrigações.

Nas sociedades indígenas existem atividades específicas para homens e mulheres, outras feitas pelos casais e outras restritas a determinadas idades. As técnicas para a produção são compartilhadas e os frutos do trabalho são também distribuídos para aqueles que estão dentro dos círculos de relações. Por meio do trabalho, os membros do grupo se juntam e constroem relações. Ao contrário do Ocidente, onde a máxima reza que o trabalho deve ser deixado afastado do mundo familiar, entre os ameríndios o trabalho constitui esta vida familiar.

O choque dos diferentes sistemas de produção entre brancos e índios - se torna mais evidente nas tentativas de estabelecimento da escravidão indígena no Brasil. Apesar do curto período legal (entre 1500 a 1570), persistiram formas de coerção de trabalho indígena, tanto nos engenhos de açúcar no Nordeste como na Amazônia, onde a escravatura africana não teve penetração. A preocupação de tornar os índios produtivos de acordo com padrões europeus sempre conduziu os esforços de contato, tanto na visão da distante metrópole quanto na dos colonos.

O Diretório dos Índios de 1755 (legislação criada pelo rei português D. Jose I) estipulava o trabalho nos moldes ocidentais, a imposição da língua portuguesa e a indução ao amor pela propriedade como uma forma de tornar os indígenas súditos verdadeiros da Coroa. Mesmo com a Independência (1822) e a República (1889), a mentalidade muda lentamente: a princípio ignorados no Império, os índios brasileiros só começam a receber alguma atenção do Estado depois de 1908, quando o Brasil é denunciado em Viena por massacrar índios, no XVI Congresso dos Americanistas. Isto levou a criação, em 1910, do Serviço Proteção aos Índios e Localização de trabalhadores Nacionais, órgão do Ministério da Agricultura, Indústria e Comércio. Os esforços do governo visavam transformá-los em “reais” trabalhadores, por meio de um processo de integração gradativa à sociedade nacional garantido inicialmente pela proteção às terras, como era defendido pelos positivistas desde 1894. O Código Civil de 1916 atestava a “incapacidade relativa" dos “silvícolas”, que estariam na mesma situação legal dos “pródigos" e das crianças.

A necessidade de transfigurar o indígena em branco e forçá-lo a integrar-se à nossa sociedade e hoje um discurso totalmente ultrapassado. Agora se sabe que há no mundo uma imensa diversidade de formas de produção, trabalho, organização social e constituição do saber - todas legítimas. Esta percepção abriu novas perspectivas para as políticas indigenistas. A transfiguração em branco não é destino inescapável.

A adaptação à interação com a sociedade não indígena deve ser guiada pelas próprias culturas e necessidades dos povos e seus indivíduos. Hoje, várias populações adicionaram ao seu repertório de conhecimentos técnicas e instrumentos, como o uso de filmadoras, automóveis e a própria língua portuguesa, de acordo com padrões próprios. Também passaram a exercer outras atividades, como as de professores, microscopistas e pesquisadores.

O olhar sobre outras maneiras de encarar o mundo nos impele a deixar de considerar o Ocidente como padrão e referência para toda a humanidade. E aí reside o desafio: considerar nosso saber como mais um entre outros.

Observação:

LUÍS FERNANDO FEREIRA é jornalista, historiador e mestrando em Antropologia social pela Universidade de São Paulo. É membro da Comissão Pró-Yanomami e associado ao Núcleo de História Indígena e do Indigenismo da USP.

Fonte: Revista da História- Biblioteca Nacional, ano 2, nº 17, fevereiro 2007, pag.24-25.

GLOSSÁRIO

Pagãos= Os antigos povos não cristãos, assim como dos que se ligam ao politeísmo e a seus adeptos. Nome dado às crianças ainda não batizadas. Que não foi batizado; Indolentes ocioso, preguiçoso, indiferente, apático, inerte, negligente, descuidado.

Afeitos= Que está acostumado a algo, habituado, ociosidade;

Imobilismo= Gosto por coisas antigas, aversão a mudanças ou ao que é novo e representa progresso, conservadorismo;

Longínquo= Que fica longe; remoto; distante;

Gradativa= Aos poucos, ou disposto em degraus;

Silvícolas= Quem vive nas florestas, selvagem, indígena;

Coerção= É o ato de induzir, pressionar ou compelir alguém a fazer algo pela força, intimidação ou ameaça.

REFLETINDO SOBRE O TEXTO


1- Segundo os princípios das sociedades indígenas, explique como eram as atividades específicas:

2- Explique as frases:

a) “O choque dos diferentes sistemas de produção entre brancos e índios - se torna mais evidente nas tentativas de estabelecimento da escravidão indígena no Brasil”:

b) “A adaptação à interação com a sociedade não indígena deve ser guiada pelas próprias culturas e necessidades dos povos e seus indivíduos.”

3- Explique a frase: Pagãos, indolentes e pouco afeitos ao trabalho: era assim que os colonizadores viam os índios.”:

4- Padre Antônio Vieira e os colonizadores procuravam entender os índios de acordo com os parâmetros europeus. Explique este quadro:

5- De acordo com o século XVIII, compare como os povos indígenas e o mundo ocidental eram vistos:

quarta-feira, 26 de janeiro de 2011

Preguiça Colonial

Preguiça Colonial

Maria Helena Ochi Flexor

Durante muito tempo, o trabalho era restrito aos escravos. Mas a Coroa portuguesa tinha planos para erradicar a ociosidade na Colônia

O Morgado de Mateus constatava que a grande maioria das pessoas não fazia nada: ficavam deitadas na rede ou cachimbando, e afirmavam desprezar o trabalho, deixado para os pretos

No final do século XVIII, Luis dos Santos Vilhena, professor de grego na cidade de Salvador, definia a preguiça como a qualidade daqueles que eram capazes de ação, mas preferiam o descanso, e com muita dificuldade decidiam sair dele. A ociosidade era um atributo das pessoas que trabalhavam, mas pouco. Já a vadiagem era própria daqueles que andavam perambulando pelas vilas, sem trabalho, vivendo de divertimentos e crimes, sem meio de vida conhecido. Vilhena achava que essas atitudes eram vícios e, portanto, contrarias aos bons costumes e merecedoras de reprovação.

Um século antes, o poeta Gregório de Mattos – o “Boca do Inferno", cuja pena ferina atingiu e incomodou muita gente de seu tempo -, como membro de família abastada, fazia parte da classe social que tinha direito institucional a ociosidade. Talvez por isso, aqueles que, como ele, não eram muito apegados ao trabalho raramente tenham sido alvo de suas críticas mordazes: em toda a sua obra conhecida, só há uma referência a um personagem vadio, um barbeiro.

A diferença entre o modo como Gregório de Mattos e Luis dos Santos Vilhena enxergavam o trabalho e o ócio se deve ao início de uma mudança na mentalidade da sociedade em relação a essas questões. A mesma oposição pode ser encontrada entre Pedro Taques, autor da Nobíliarquia paulistana histórica e genealógica, que enobreceu seus ilustres antepassados paulistas, e o juiz da Alfândega Marcelino Pereira Cleto, que escreveu suas memórias entre 1782 e 1814, e que ressaltava a preguiça provocada pela abundância da pesca no litoral de São Paulo, considerando seus habitantes bem mais vadios que os do planalto.

A nova visão, que exaltava as benesses do trabalho, era influenciada pelo pensamento europeu da época. Provavelmente, a pequena glaciação que atingiu parte do continente entre 1400 e 1700, trazendo invernos mais longos e temperaturas mais baixas, provocou um grande impacto na agricultura, nas florestas, na saúde (associada à peste bubônica), na economia e na sociedade. Nos séculos XV e XVI também haveria uma grande mudança nas artes, no artesanato e na cultura em geral, fenômeno que resultou no que se conhece por Renascimento.

As viagens de descobrimentos representavam também uma forma de atenuar os males causados pelos fenômenos climáticos no Velho Mundo. Faziam-se condimentos do Oriente para conservar alimentos. As trocas de mudas de plantas e animais com outros povos - entre as inúmeras conquistas- visavam multiplicar ou substituir os alimentos desaparecidos de algumas regiões da Europa O impacto disso, sobretudo na agricultura e no pastoreio, fez com que os europeus iniciassem um processo de revisão de seus conceitos que culminou com a valorização da agricultura e do comercio como atividades dignas. Ate então, o trabalho não era visto como uma virtude.

Outras transformações, que culminaram com a Revolução Francesa, seriam gestadas durante boa parte do século XVIII, provocando mudanças que levaram muitos reinos a trocar a monarquia absolutista por governos constitucionais. A valorização do trabalho foi um fator essencial nesse cambio de mentalidade que levaria a uma outra revolução - a Industrial.

No Brasil também houve mudanças significativas. O comercio de Portugal com o Oriente começava a declinar em meados do Setecentos. D. Jose I e seu ministro Sebastião José de Carvalho e Melo, o conde de Oeiras (mais tarde marques de Pombal), implementaram um projeto de reformas administrativas, econômicas, sociais, religiosas, educacionais e políticas. Dentro desse projeto, a Coroa se mobilizava para realmente colonizar o Brasil, tomando posse do território e povoando-o, fato decorrente do Tratado de Madri, de 1750, com a Espanha.

A decisão resultou na criação de inúmeras vilas, povoações, freguesias; em sua maioria, antigas aldeias indígenas dos jesuítas, dos franciscanos e dos carmelitas. Para implantar o projeto, foram escolhidos homens de inteira confiança do conde de Oeiras, como seu meio- irmão Francisco Xavier de Mendonça Furtado para governar o Estado do Grão- Pará e Maranhão. Seriam nomeados ainda juízes de fora ouvidores e engenheiros das comissões de demarcação de fronteiras. Estes permaneceriam por nove ou dez anos em seus postos, para garantir a execução do que fora planejado.

No Brasil, começou uma intensa luta contra a ociosidade e a preguiça. O trabalho passou a ser valorizado e algumas atividades foram incentivadas, a começar pela agricultura, seguida pelo comércio. As autoridades foram rigorosas, em discursos e ações, no combate ao hábito negativo: eram dadas penas pesadas a quem tivesse em casa homens vadios sem avisar as autoridades.

Os primeiros habitantes das vilas deveriam ser vadios e criminosos de pequenos delitos, e, majoritariamente, índios. Para reforçar o povoamento, foram trazidos colonos dos Açores, da Madeira, do Norte da África e da região do Minho, em Portugal. Dentro dessa política de ocupação do território, foi dada liberdade aos índios, que se tornaram vassalos, procurando europeizá-los, fazê-los falar a língua portuguesa e viver em “sociedade civil". Isto significava viver em um núcleo urbano, onde poderiam receber os sacramentos, ter moradia unifamiliar, aprender a ler e escrever, ou um ofício mecânico, e a se vestir como os civilizados. Evidentemente, os índios também teriam ocupações regulares, para produzir excedentes e comercializá-los. Desta forma, desenvolveriam a ambição e, conseqüentemente, a noção de lucro, para poderem comprar escravos e aumentar sua produção.

Para fixar os habitantes ao solo, foi proibida a exploração do ouro, sendo confiscados todos os instrumentos dos ourives e proibido o exercício da profissão. Estabeleceu-se que de forma alguma se deveria explorar o ouro, por ser a atividade motivo de muita vadiação e pobreza. Aqueles que não permaneciam nos novos núcleos urbanos eram considerados desertores. Todos precisavam de passaporte para transitar entre as comarcas e capitanias, uma exigência destinada a evitar que ficassem vagabundeando de um lugar para outro.

D. Luis Antonio de Souza Botelho Mourão, o Morgado de Mateus, governador de São Paulo, testemunhava que dois vícios dominavam o povo e eram, além de pecados, causa da sua pobreza: a presunção e a preguiça. Dizia não ter palavras para expressar o excesso a que chegaram esses dois vícios. Em seguida, constatava que a grande maioria dos homens e mulheres não fazia nada: ficavam deitados de dia e de noite, balançando-se na rede ou cachimbando, e afirmavam desprezar o trabalho, deixado para os pretos, que Ihes proporcionavam o que comer. Aqueles que trabalhavam o faziam as escondidas, porque seriam malvistos. O governador de São Paulo atribuía o atraso da agricultura a vadiagem e a preguiça, as vendas a credito e a existência de escravos.

Os habitantes da America sabiam que suas terras Ihes davam alimentos em abundância onde se semeasse, sem ser necessário plantar em roças de mata virgem. O que impedia o sucesso das atividades agrícolas eram a suma preguiça e a negligência, não só dos índios, mas também dos filhos do Reino que, por desprezarem o trabalho, o abandonavam aos escravos. Muitos portugueses não tinham intenção de permanecer no Brasil, daí não se estabelecerem nem buscarem trabalho fixo para ter rendas. Partiam para as colônias espanholas em busca da prata.

Embora os índios fossem considerados os mais preguiçosos, devido a sua visão de mundo peculiar, os portugueses não fugiam a essa pecha. Ainda em 1538, o humanista Clenardo, escrevendo de Lisboa a seu amigo Latônio, afirmara que em Portugal a agricultura era vista com muito desprezo. Para ele, o elemento que formava o “nervo principal de uma nação" ali era de grande debilidade, pois se havia “algum povo dado a preguiça sem ser o português”, então não sabia onde existia.

A maioria dos núcleos urbanos criados no Brasil não progrediu. Podem ser citadas diversas causas: a mentalidade do português que vinha para cá, a subordinação de umas regiões a outras, o número restrito de habitantes e sua dispersão. Relatos da segunda metade do Setecentos acusavam a falta de capitais, a presença da escravatura que causava “mais anemia, a indolência dos habitantes”. Fazia-se referência também a um dos mais graves constrangimentos sociais, a corrupção.

Vários autores, em diversas regiões, condenavam veementemente a vadiagem. O marechal Arouche de Toledo Rendon (1756-1834) chegou a afirmar que “a vadiação só por si e um crime público dos mais prejudiciais ao Estado e, por conseqüência, não há nisto infração dos direitos da liberdade, porque nenhum vassalo pode eximir-se das leis da sociedade e nenhum pode ter o direito de, em boa saúde, sustentar-se a custa dos demais, como sucede com todos os vadios". As idéias de alguns destes autores buscavam justificar, ainda no fim do Setecentos e mesmo no século XIX, o confinamento e a escravidão indígenas.

Os forros e os mestiços, mesmo depois de livres, nunca deixaram de estar ligados à visão que se tinha da escravidão. Atribuía-se ainda ao índio a culpa por muitos brancos terem sido contagiados pela falta de ambição que negava o trabalho. O índio, confinado pela ma compreensão de sua visão de mundo e de seu tipo de vida, não teve muitas chances e, em geral, não conseguiu absorver as noções de ambição, civilidade, trabalho e espaço dos brancos.

Uma das formas de coibir os ociosos e os preguiçosos era recrutá-los, dispensando os trabalhadores. Em algumas capitanias, ficou estabelecido que para todos os serviços, inclusive os reais, deviam ser convocados os vadios e desimpedidos, e, em caso de necessidade, os que trabalhavam na agricultura, mas que fossem escolhidos os que não fizessem falta.

Passou-se a convocar, normalmente, os ociosos para as tropas. Por exemplo, para a conquista de novos lugares, como Ivaí, Rio Pardo, Iguatemi, este chamado de “cemitério dos paulistas”, deviam ser chamados, antes dos próprios militares, os solteiros vadios e os casados que não tivessem domicilio, sob pena de terem que sentar praça forçadamente.

Rendon achava que as milícias deviam ser formadas somente por índios, e que fossem dispensados os que trabalhassem nas paradas e obrigações públicas. Achava que se os capitães-mores corruptos e os vadios sentissem medo do recrutamento, então se dedicariam ao trabalho. Entretanto, ate o Império verificou-se que essa estratégia não teve resultados. Rendon se justificava dizendo que o trabalho forçado “ao longo do uso Ihe há de formar uma nova natureza”.

No fim do século XVIII, com o aumento da agricultura e do comércio, dizia-se que a inércia e a preguiça estavam contidas. O Brasil finalmente entrava na competição do mercado externo. O otimismo, entretanto, só mostrava uma pequena mudança de mentalidade e certa valorização do trabalho. Os índios continuariam a ter fama de preguiçosos e ariscos ao trabalho e os serviços braçais seguiriam sendo considerados “indignos" e restritos as classes baixas, cujo suor garantiria, ainda por muito tempo, os lucros e o bom descanso das elites.


Observação:

MARIA HELENA OCHI FLEXOR é professora emérita da Universade Federal da Bahia e professora da Universidade Católica de Salvador (UCSAL); e autora do artigo “ A Ociosidade, a Vadiagem e a Preguiça: O Conceito de Trabalho no Século XVIII”, Revista do Instituto Geográfico e Histórico da Bahia, Salvador, nº 95, p. 73-89,2000.

Fonte: Revista da História- Biblioteca Nacional, ano 2, nº 17, fevereiro 2007, pag. 18-21..


GLOSÁRIO


Ociosidade= estado de quem não faz nada

Forros= Que teve alforria; libertos; livres; desobrigados

Mestiços= pessoas que tem um pai branco, por exemplo, e uma mãe da cor negra. Ou que tem pai negro e mãe branca.

Escravidão= Estado ou condição de escravo; escravatura, escravaria, cativeiro, servidão. Falta de liberdade; sujeição, dependência, submissão, servidão, escravatura:
Regime social de sujeição do homem e utilização de sua força, explorada para fins econômicos, como propriedade privada; escravatura.

Restritos= Limitados, menos extensos que outro.

Milícias= é uma espécie de tropa informal para deter o poder de uma região ou comunidade. Exemplo: FARC's

Dispersão= esparramar, disseminar, afugentar, enxotar, dissipar, debandar

Indolência= insensibilidade, apatia

Negligência= É o termo que designa falta de cuidado ou de aplicação numa determinada situação, tarefa ou ocorrência.

Ourives= Fabricante, vendedor e negociante de peças de ouro e prata.

Revolução Francesa= A Revolução Francesa, iniciada em 1789, foi um exemplo clássico de revolução burguesa. Embora tivesse tido a participação de outras camadas socais, como os camponeses e as massa urbanas miseráveis, ela foi essencialmente conduzida pela burguesia para realizar suas aspirações.

Benesses= Em benefício, pé de altar, emolumento paroquial.

REFLETINDO SOBRE O TEXTO

1- Para fixar os habitantes ao solo, o que foi proibido e qual era a penalidade?

2- Quem era ligado à visão que se tinha da escravidão e a falta de ambição que negava o trabalho?

3- Quem era considerado desertores?

4- Segundo o texto, existia dois vícios : a presunção e a preguiça. Comente-os:

5- “Uma das formas de coibir os ociosos e os preguiçosos era recrutá-los”. Explique a frase:

6- O que Rendon considerava sobre as milícias?

7- Comente a frase: “Os índios continuariam a ter fama de preguiçosos e ariscos ao trabalho”:

8- Como o professor de grego Luis dos Santos Vilhena definia a preguiça?

9- Qual a visão do poeta Gregório de Mattos sobre o trabalho?

10-Explique a diferença entre o modo como Gregório de Mattos e Luis dos Santos Vilhena sobre o ócio e o trabalho:

11- Fale sobre a influência da Revolução Francesa no trabalho:

12- Explique a frase: “No Brasil, começou uma intensa luta contra a ociosidade e a

preguiça”:

13- Quem e como eram os primeiros habitantes das vilas no Brasil?

terça-feira, 25 de janeiro de 2011

Vegetarianos à Força

Vegetarianos à Força

Pedro Henrique Campos

Enquanto a nobreza comia todos os tipos de carne, escravos se atiravam na Baía de Guanabara atrás de miúdos de boi...
Em regiões rurais, médicos encontraram escravos que não comiam alimento animal havia anos.


Frutas, verduras e grãos. À primeira vista, uma boa dieta, típica de quem quer manter- se “em forma”, com se diz. Mas o termo que deveria estar entre aspas é “quer”, pois ele faz toda a diferença. No Rio de Janeiro de D. João VI, escravos mantinham uma dieta muito próxima à dos vegetarianos- mas eram obrigados a isso, por não terem acesso a quase nenhuma proteína animal.

Muitos historiadores notaram que, desde o tempo da Colônia, os hábitos alimentares simbolizavam com perfeição nossa desigualdade social. As pessoas mais ricas preferiam consumir alimentos estrangeiros, especialmente os portugueses, como vinho, pão de trigo, azeite, vinagre, azeitona e queijo. Já os escravos e homens livres pobres se viam obrigados a comer produtos nacionais, como mandioca, feijão, milho, peixe e frutas. Estava materializada na alimentação a distancia que separava os proprietários de terra e grandes comerciantes dos demais grupos sociais.

No inicio do século XIX, o Rio era o principal centro urbano do Brasil. Tinha o comércio mais movimentado e era o porto mais importante do mercado de escravos. Alem da sujeira das ruas, das vias estreitas e barulhentas, era a quantidade de escravos o que mais saltava aos olhos de quem visitava a cidade. A vinda da Corte portuguesa, em 1808, aumentou enormemente a demanda por cativos para servir a família real, aos funcionários da Coroa e aos cortesãos. Os escravos chegaram a cerca de 60 mil, quase a metade da população urbana.

Com mais homens livres e escravos nas ruas, criaram-se dois grandes problemas para os governantes. Em primeiro lugar, temia-se uma "haitização" da capital, ou seja, uma grande rebelião nos moldes da que dominou a colônia francesa do Haiti em 1791, levando a proclamação da sua independência em 1804. O segundo medo era o do desabastecimento de bens. Principalmente de alimentos.

O item mais escasso era também um dos mais elementares: a carne. O produto era transportado para a capital na forma de animais vivos - principalmente boiadas vindas das províncias de Minas Gerais e Rio Grande do Sul (os gaúchos tinham o maior rebanho bovino do país) - ou como carne-seca, em navios que costeavam o litoral, no chamado comercio de cabotagem.

Com os bois vivos preparava-se um tipo especial de carne, diferente da carne-seca, que era mais salgada e durava mais. Os bois eram abatidos em matadouro público (na Rua Santa Luzia, no bairro da Gloria) e encaminhados aos diversos açougues da cidade. Ali, as pessoas compravam a carne e preparavam-na no mesmo dia, para que não apodrecesse. Era a chamada "carne verde": mais cara e consumida pelos grupos privilegiados da sociedade: grandes comerciantes, fazendeiros e altos funcionários do governo.

Além de escravos, a vinda de D. João VI para o Brasil atraiu também - principalmente a partir de 1815, com o fim das guerras napoleônicas - muitos cientistas, artistas e comerciantes europeus, que mantiveram cartas e diários de viagem. Estes registros revelam que a questão dos hábitos alimentares no Brasil causava grande estranhamento nos viajantes. Eles criticavam o comportamento dos colonos à não utilização de talheres e a falta de respeito a etiquetas, inclusive entre os mais ricos. Relatavam, enojados, que era um costume muito comum comer com as mãos, usando apenas uma faca para auxiliar no corte de algum pedaço de carne.

Os estrangeiros também notaram muitas diferenças entre a alimentação das pessoas ricas, dos pobres e dos escravos. Segundo relato do pintor francês Jean-Baptiste Debret (1768-1848), o horário das refeições variava conforme a condição social. Enquanto os empregados e escravos jantavam por volta das 14 horas, os proprietários e grandes comerciantes só faziam a refeição às 18 horas. A sesta após a janta era comum, mas também variava entre as classes: enquanto os ricos cochilavam de duas a três horas, os mais pobres - justamente aqueles que trabalhavam - dispunham de menos tempo para o descanso.

Alguns viajantes puderam presenciar as refeições de vários grupos sociais, encontrando grande diferença, a no cardápio. Debret esteve na casa de um rico comerciante e participou de um banquete, que era ali um hábito freqüente. Ao descrever o evento, o pintor conta que na mesa havia um "enorme pedaço de carne de vaca, salsichas, tomates, toucinho". Depois vinham “galinha com arroz" e "uma resplendente pirâmide de laranjas" - tudo acompanhado de frutas e taças com água e vinho Porto e Madeira, mantidas sempre cheias pelos escravos domésticos.

Os mais abastados não só comiam muita carne, mas em grande variedade - boi, porco e ave. Já os homens pobres livres tinham dificuldades para consumir proteínas animais. Debret nota que um pequeno comerciante carioca comia apenas “um miserável pedaço de carne-seca" com farinha e feijões. Robert Walsh, viajante inglês, relata que "o alimento do pobre é o feijão-preto e a farinha de mandioca. O primeiro é sempre preparado com toucinho e a mandioca e servida também com carne-seca".

A situação dos escravos era ainda pior, tendo que lutar para conseguir comer qualquer tipo de carne. Segundo Debret, viviam disputando aos animais domésticos os restos de comida". Em regiões rurais, médicos encontraram escravos que não comiam alimento animal havia anos. Eram verdadeiros vegetarianos a força. Em busca de carne, alguns escravos ficavam próximos ao matadouro, aguardando o momento em que as sobras eram jogadas ao mar. Eles então mergulhavam nas águas da Baia de Guanabara e coletavam os miúdos de boi, para fazer lingüiças e comer junto com feijões.

Quando os senhores concediam carne a seus escravos, esta vinha em tão pouca quantidade que muitas vezes era necessário transformá-la em sopa, para que todos pudessem comer. Os cativos também buscavam outros tipos de animais para completar sua dieta, atesta o inglês John Luccock: "tudo quanto tem vida, exceto, talvez, alguns répteis, [...] e todas as criaturas pareciam igualmente bem vindas pelas classes baixas dos nativos e pretos".

Alguns escravos recorriam ao roubo para conseguir pedaços de bife. Quando os quartos de bois eram transportados do matadouro para os açougues em carrinhos de mão, assaltavam o transportador para conseguir sua pequena porção diária de alimentação animal. Quem mais recorria aos assaltos eram os chamados escravos de ganho, que podiam se dedicar a diferentes ofícios urbanos por conta própria, devendo pagar boa parte de seu rendimento aos senhores. Não à toa, em 1808 D. João criou a Intendência de Polícia da Corte, que, entre outras funções, tinha que manter a "ordem" na cidade, evitando furtos e toda forma de organização e preparação de uma rebelião escrava na nova capital do Império.

No livro Geografia da Fome, escrito logo após a Segunda Guerra Mundial, o médico e intelectual Josué de Castro (1908-1973) afirmou que era possível dividir a humanidade entre os que não comem e os que não dormem com medo dos que não comem. Assim vivia a população do Rio de Janeiro na primeira metade do século XIX: em parte faminta, em parte amedrontada.

Observação:

PEDRO HENRIQUE PEDREIRA CAMPOS é professor da Universidade Federal Fluminense (UFF) e autor da dissertação “Nos Caminhos da Acumulação: Negócios e Poder no Abastecimento de Carnes Verdes para a Cidade do Rio de Janeiro, 1808-1835" (UFF, 2007).

Fonte: Revista da História- Biblioteca Nacional, ano 4, nº 42, março 2009, pag. 54-57.

GLOSSÁRIO

D. João VI= Foi Rei de Portugal. Era casado com D. Carlota Joaquina da Espanha. Pai de nove filhos, um deles Pedro que seria imperador do Brasil. Em virtude do conflito entre França e Inglaterra, seu governo teve um período de grande intranqüilidade. A fim de prejudicar a Inglaterra, Napoleão decretou o bloqueio continental. Quando Portugal foi invadido pelas tropas, a família real portuguesa com toda a corte embarcou para o Rio de Janeiro.

Cortesãos= Que ou aqueles que pertencem à corte; palaciano; áulico. Adj. Gracioso nas maneiras e palavras, delicado, elegante. S.m. Aquele que procura agradar com lisonjas e adulações. Homem cortês e afável.

Jean-Baptiste Debret= Pintor francês que esteve no Brasil com a Missão Artística Francesa. Em suas telas retratou não apenas a paisagem, mas, sobretudo a sociedade brasileira, não esquecendo de destacar a forte presença dos escravos. Foi iniciativa sua a realização da primeira exposição de arte no país, em 1829.

Resplendente= adj. Luzente, brilhante, que emite luz; o mesmo que resplandecente.

John Luccock= As informações mais minuciosas dos costumes e da paisagem do Rio de Janeiro foram feitas pelo inglês John Luccock. Sua vinda foi movida pela procura de recursos financeiros, e aqui observou a sociedade e as condições geográficas tão diferentes das do seu país.

Corte= Residência de um Soberano.

Cativos= Prisioneiro de guerra, escravos.


REFLETINDO SOBRE O TEXTO


1- “Frutas, verduras e grãos.” Dieta nesses padrões era desejo de querer dos escravos naquela época? Explique sua resposta.

2- Podemos afirmar que “os hábitos alimentares simbolizavam com perfeição nossa desigualdade social”? Dê exemplos que confirmem sua resposta:

3- Como era a cidade do Rio no inicio do século XIX?

4- Com mais homens livres e escravos nas ruas, criaram-se dois grandes problemas para os governantes. Explique quais eram:

5- Cite qual era o item mais escasso e também um dos mais elementares. Fale um pouco sobre ele:

6- Explique o que era "carne verde”:

7- Explique as expressões:
a) “... hábitos alimentares no Brasil causava grande estranhamento nos viajantes....”
b) “Os estrangeiros também notaram muitas diferenças entre a alimentação das pessoas ricas, dos pobres e dos escravos.”

8- Debret como alguns viajantes puderam presenciar as refeições de vários grupos sociais, encontrando grande diferença, a no cardápio. Relate as impressões registradas por ele:

9- “Alguns escravos recorriam ao roubo para conseguir pedaços de bife.” Explique a frase:

10- “... era possível dividir a humanidade entre os que não comem e os que não dormem com medo dos que não comem. Assim vivia a população do Rio de Janeiro na primeira metade do século XIX: em parte faminta, em parte amedrontada.” Explique com suas palavras o que você entendeu com essa expressão:

segunda-feira, 24 de janeiro de 2011

O Jeitinho brasileiro é Uma Forma de Corrupção?

O Jeitinho brasileiro é Uma Forma de Corrupção?

ROBERTO DAMATTA

No Brasil não faltam jeitos, para o bem e para o mal. O mesmo talento que serve para

encurtar caminhos no dia-a-dia, quando aplicado na política pode facilitar ganhos

particulares com recursos públicos. Em debate salutar para a democracia, alguns

convidados esboçam os tênues limites entre o jeitinho brasileiro e a corrupção.

Na França, um monte de gente foi para a guilhotina. Aqui, inventou-se o jeitinho.

SE A TRANSGRESSÃO DA REGRA não causa prejuízos, temos o jeitinho ético. Ele poderia ocorrer na maioria dos países, exceto, talvez, na Suíça, onde um trem sai as 14h57! E sai mesmo: eu fiz o teste. Mas, sociologicamente, o jeitinho mostra uma relação ruim com a lei geral. Se tenho um parente na Receita Federal e ele faz vista grossa aos meus impostos, o jeitinho vira corrupção.

A democracia liberal acabou com o regime de privilégio. Alguns comportamentos só eram crimes se cometidos por plebeus. Veja Os Miseráveis, de Victor Hugo, ou O Conde de Monte Cristo, de Dumas. Há ali bons exemplos desse mundo hierarquizado. A Revolução Francesa liquidou a lei privativa e instituiu um código universal de direitos, proclamados auto-evidentes na Constituição americana. Antes, os nobres não pagavam impostos. Depois, até o presidente paga.

A República Brasileira fez a revolução igualitária no papel, em cima de um regime social aristocrático como duas pernas de uma ficção jurídica. E o faz-de-conta de que todos obedecem a lei, quando sabemos que os velhos aristocratas são mais donos do poder que o povo. Com isso, podemos continuar contemplando o privilégio de não cumprir integralmente a lei, mesmo debaixo de um regime igualitário. Já na França pré-revolucionária ou no Brasil imperial, a desigualdade era o valor organizatório. Então, o jeitinho era dar ao pobre a oportunidade de ser igual ou libertar o escravo.

O jeitinho se confunde com corrupção porque desiguala o que deveria ser tratado com igualdade. O que nos enlouquece é a persistência em lidar com a lei de forma que induz os chefes a passarem por cima dela porque a "empossam". Já certas pessoas (negros, pobres e mulheres) são colocadas implacavelmente debaixo dela. O que faz com que a lei seja desmoralizada, e quem a cumpre, estigmatizado como otário ou subcidadão.

LEONARDO AVRITZER


A mídia prefere novos casos a seguir até o final os já existentes.

O JEITINHO BRASILEIRO expressa duas características. A positiva é a capacidade de adaptação em diferentes situações. Isso dá ao país uma flexibilidade política e uma capacidade de inovação invejáveis. O lado negativo é uma ambigüidade em relação as regras. Isso afeta o sistema político e as instituições, que por vezes operam com um certo desprezo pelas regras formais do jogo político.

Esta flexibilidade também esta ligada ao "familismo amoral", um padrão moral que privilegia as relações familiares e permite um desrespeito as regras daquilo que é público. Essa é a dimensão do comportamento brasileiro que mais propicia a corrupção.

Percorremos um importante caminho até considerar essas práticas negativas para o sistema político, mas ainda não conseguimos superá-las.

Corrupção depende da percepção, já que quem é corrupto não o admite publicamente.

Não existe método para classificá-la internacionalmente. Ela varia de acordo com a liberdade de imprensa e das instituições democráticas de cada país. Os índices, principalmente o da Transparência Internacional, não consideram essas dimensões.

Então, vemos países com ótimas performances comparativas, mas sem mecanismos democráticos, como a Malásia. Hoje o Brasil esta distante de aceitar uma postura de "roubo, mas faço". Mas esse sistema político se deslegitima quando a opinião pública percebe que ele não consegue tratar da corrupção no seu interior.

O grande problema não é perceber a corrupção, mas puní-la. O combate está muito concentrado no Executivo, especialmente na Polícia Federal. Já a mídia não tem um papel muito claro. Ela prefere novos casos a seguir até o final os já existentes. Poderia ser mais transparente, acompanhar exaustivamente toda a tramitação e exercer uma pressão maior sobre o Judiciário para que as punições ocorram.

LOURENÇO STELIO


O Jeito precisa de Redenção.


ABORDO O JEITINHO BRASILEIRO através da ética cristã. Explico seu ciclo vicioso em quatro estágios. Primeiro, um descaso público frente ao cidadão. Ele paga os impostos, mas também o pedágio ou para receber saúde. O segundo é a sonegação. Não mobilizada, a pessoa sonega. Entra a fiscalização e, dependendo do fiscal, chega-se a terceira etapa, a corrupção. Ela é alimentada pelo quarto estágio, a impunidade. O eixo que gira este ciclo é o jeitinho.

Na primeira carta escrita no Brasil, Pero Vaz de Caminha já pede emprego para um parente. Perseguidos pela Igreja, os escravos que estavam no Brasil mudaram a nomenclatura de suas divindades. Ogum vira São Jorge. Trato o jeitinho como a busca de saídas diante de uma situação que não se quer enfrentar. Ele é internacional. Nos Estados Unidos, as fraudes econômicas estão ligadas a corrupção, mas lá há punição. Precisamos de novas políticas de combate, aperfeiçoar os órgãos de controle. Fiscalizar os fiscais. A credibilidade só vira de dentro do sistema. Acredito nas novas gerações de promotores e juízes. Precisamos investir no desenvolvimento de um espírito nacional, que perdemos.

Temos que investir desde o berço em cidadania e respeito à população e a legislação.

Algumas igrejas agem de forma ilícita, mas a ética cristã é centralizada no amor e na convivência humana. Porém, nós, teólogos, vemos a natureza humana com uma parcela de natureza perversa. Não acreditamos na idéia de Rousseau de um homem completamente bom. É preciso transformar o sujeito pela sua espiritualidade e por sua educação. Seria o que se chama de conversão. O jeitinho precisa de redenção.

Acreditamos na transformação de indivíduo de dentro pra fora.

Observação:

ROBERTO DAMATTA Antropólogo, escritor e professor da PUC-Rio.

LEONARDO AVRITZER, Professor da UFMG e um dos organizadores do livro Corrupção - Ensaios e Críticas

LOURENÇO STELIO, Escritor, teólogo e autor do livro Dando um Jeito no Jeitinho

Fonte: Revista da História- Biblioteca Nacional, ano 4, nº 42, março 2009, pag. 34 e 35.


GLOSSÁRIO

Guilhotina= é um instrumento utilizado para aplicar a pena de morte por decapitação. constituído de uma grande armação reta (aproximadamente 4 m de altura) a qual é suspensa uma lâmina triangular pesada (de cerca de 40 kg). A lâmina é guiada à parte superior da armação por uma corda, e fica mantida no alto até que a cabeça do condenado seja colocada sobre uma barra que a impede de se mover. Em seguida, a corda é liberada e a lâmina cai de uma distância de 2,3 metros, seccionando o pescoço da vítima. (As medidas e peso indicados são os das normas francesas). Joseph-Ignace Guillotin (1738-1814), não foi o seu inventor mas estimava que a instantaneidade da punição era a condição necessária e absoluta de uma morte decente;

Corrupção= A corrupção política é o uso das competências legisladas por funcionários do governo para fins privados ilegítimos. Desvio de poder do governo para outros fins;

Plebeus= Homens da plebe, homem do povo. Os plebeus pertenciam à classe popular da sociedade na antiga República Romana. Entre eles estavam os escravos libertos, os agricultores e os vassalos dos patrícios. Não se sabe como se originou a diferença entre plebeus e patrícios, embora já existisse no início do séc. VI a.C.;

Revolução Francesa= Movimento social e político ocorrido na França no final do século XVIII que teve por objetivo principal derrubar o Antigo Regime e instaurar um Estado democrático que representasse e assegurasse os direitos de todos os cidadãos. . Inspirada pelas idéias iluministas, a sublevação de lema “Liberdade, Igualdade, Fraternidade” ecoou em todo mundo, pondo abaixo regimes absolutistas e ascendendo os valores burgueses. Foi à revolução burguesa, tendo vista a sua condição de destruidora da velha ordem em nome das idéias e valores burgueses e por conta da ideologia burguesa predominante durante praticamente todo processo revolucionário;

Estigmatizado= Desvirtuar, censurar, condenar: estigmatizar o vício. desvirtuar, condenar;

Transgressão= Significa a ação humana de atravessar, exceder, ultrapassar, noções que pressupõem a existência de uma norma que estabelece e demarca limites;

Nomenclatura= Sistema de designação de coisas ou seres e suas divisões;

Credibilidade= Dar certeza, crédito;

Pero Vaz de Caminha= foi um escritor português que se notabilizou nas funções de escrivão da armada de Pedro Álvares Cabral. Dedicava-se ao comércio antes de ser designado escrivão da feitoria de Calicute, na Índia, para onde segue com a bem equipada frota do comandante Pedro Álvares Cabral, responsável pelo descobrimento do Brasil em 22 de abril de 1500;

Ética= Ciência que estuda os juízos morais referentes a conduta humana.Virtude caracterizada pela orientação dos atos pessoais segundo os valores do bem e da decência pública;

Redenção= Ato de redimir. Compensar um erro cometido mediante ato redentório;

Executivo= é o poder do Estado que, nos moldes da constituição de um país, possui a atribuição de governar o povo e administrar os interesses públicos, cumprindo fielmente as ordenações legais. No presidencialismo, o líder do poder executivo, denominado Presidente, é escolhido pelo povo, para mandatos regulares, acumulando a função de chefe de estado e chefe de governo;

Sonegação= Deixar de pagar impostos;

Rousseau= Jean-Jacques Rousseau foi um importante filósofo, teórico político e escritor suíço. É considerado um dos principais filósofos do iluminismo, sendo que suas idéias influenciaram a Revolução Francesa (1789);

REFLETINDO SOBRE O TEXTO


1- Explique a frase “O jeitinho se confunde com corrupção”:

2- Escolha um dos livros citados no texto e faça uma síntese sobre ele:

3- Quando o Jeitinho vira Corrupção?

4- Explique a frase “A República Brasileira fez a revolução igualitária no papel”:

5- Explique a frase “. Na França, um monte de gente foi para a guilhotina. Aqui, inventou-se o jeitinho e o "Você sabe com quem esta falando?":

6- Defina o Jeitinho Ético:

7- O Jeitinho Brasileiro possui duas características. Cite e explique quais são:

8- Com suas palavras explique "familismo amoral":

9- Explique os quatro estágios do Jeitinho Brasileiro, segundo o autor Lourenço Stelio:

10- Dê dois exemplos sobre “o jeitinho como a busca de saídas diante de uma situação que não se quer enfrentar”:

11- Segundo o autor Leonardo Avritzer, corrupção depende da percepção. Você concorda com essa idéia? Justifique sua resposta:

12- De acordo com o texto, explique: Transparência Internacional:

13- Qual o papel da mídia com relação a corrupção?